O 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em setembro de 2019, é elaborado de acordo com informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelo Tesouro Nacional, pelas polícias civis, militares e federais, entre outras fontes, e traz à tona uma realidade desigual. O infográfico acima, extraído do anuário, se refere ao ano de 2018 e nos mostra a violência em números. Entre reduções e aumentos, o dado que mais chama atenção é que, em todos os casos, a maioria das vítimas de violência é negra.
A população negra representa 54,9% dos brasileiros, de acordo com a PNAD (2018). Dessa forma, observar que 75,4% das mortes decorrentes de intervenções policiais foram de negros nos faz refletir quantas delas foram causadas por racismo estrutural. Historicamente, a violência letal, não apenas a proveniente de ações policiais, gera mais vítimas negras.
Entre os casos de feminicídio, crescentes em 2018, 61% das vítimas eram negras, e 70.7% tinham no máximo ensino fundamental, como indica o infográfico abaixo, demonstrando novamente a relação entre vulnerabilidade social e violência.
A vulnerabilidade da população negra no Brasil é um dado histórico, ainda um resquício da escravidão. Assim, muito embora existam políticas de compensação e afirmação, percebemos em relatórios como o apresentado que essa parcela da população ainda está mais sujeita à violência que o resto da população.
Para entender mais sobre as relações estruturais entre desigualdade e violência, acesse o Boletim nº 4 do Observatório das Desigualdades, disponível em: http://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/wp-content/uploads/2019/05/OD4.pdf
Análise feita com base no 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/publicacoes/13-anuario-brasileiro-de-seguranca-publica/
Autora: Clara Lima de Oliveira [graduando em Administração Pública na FJP], com coordenação de Bruno Lazzarotti Diniz Costa [professor e pesquisador – FJP]