Para celebrar o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o Observatório das Desigualdades selecionou 20 obras, incluindo filmes, livros, peças de teatro e obras de arte, que retratam a história, a resistência e a luta do povo negro. Essas produções, que vão do cinema à literatura, da arte plástica ao teatro, oferecem uma visão profunda das experiências, desafios e conquistas da população negra, além de destacar o impacto de suas lutas por liberdade, igualdade e dignidade. Essa seleção busca não apenas reconhecer as contribuições culturais e históricas, mas também refletir sobre as injustiças enfrentadas ao longo do tempo pela população negra.
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FILMES
Pantera Negra (Black Panther) – 2018
O filme da Marvel explora as questões de identidade, legado e liderança através de T’Challa, o rei de Wakanda, um país africano fictício. Além de ser uma obra de entretenimento, “Pantera Negra” também celebra a cultura e aborda questões de colonialismo, racismo e empoderamento.
Disponível: Disney, Apple TV
Selma: Uma Luta Pela Liberdade (Selma) – 2014
O filme conta a história da marcha de Selma a Montgomery, liderada por Martin Luther King Jr. em 1965, na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. “Selma” ilustra a coragem e determinação de líderes e ativistas negros na luta contra a segregação racial.
Disponível: Prime Vídeo
12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) – 2013
Baseado em uma história real, o filme segue a trajetória de Solomon Northup, um homem negro livre que é sequestrado e vendido como escravizado. O filme é uma reflexão brutal sobre a escravidão e a resistência dos negros à opressão.
Disponível: Prime Vídeo, Telecine Play
Malcolm X – 1992
O filme biográfico de Malcolm X narra a vida do ativista e líder negro, desde sua juventude, passando por sua conversão ao Islã e sua luta pelos direitos dos afro-americanos até seu assassinato. A obra examina sua jornada de transformação pessoal e seu impacto na luta contra a opressão racial.
Disponível: Prime Vídeo, Apple TV, Look, MUBI
Doutor Gama – 2021
“Doutor Gama” (2021) é um filme brasileiro dirigido por Jeferson De, que retrata a história do Luís Gama, um dos maiores heróis da luta contra a escravidão no Brasil e uma das figuras mais importantes da história negra brasileira. O filme é uma cinebiografia que busca destacar a trajetória desse homem extraordinário, cuja luta pela abolição da escravidão e pelos direitos dos negros no Brasil teve um impacto significativo no movimento abolicionista do país.
Disponível: Apple TV, Globoplay
LIVROS
O Sol na Cabeça – Geovani Martins
Uma coletânea de contos que exploram a vida nas periferias do Rio de Janeiro, focando em jovens negros que enfrentam desafios como o tráfico de drogas, a violência policial e a busca por um futuro melhor. Geovani Martins, com uma linguagem crua e direta, descreve as realidades das comunidades marginalizadas de forma visceral.
“Ninguém nasce borboleta, pensou Breno. Depois disse baixinho: A borboleta é um presente do tempo”
Entre o Mundo e Eu (Between the World and Me) – Ta-Nehisi Coates
Este livro é uma carta escrita por Ta-Nehisi Coates para seu filho, na qual ele reflete sobre a experiência de ser negro nos Estados Unidos. O autor aborda questões de racismo, identidade e os perigos que os jovens negros enfrentam, especialmente no que diz respeito à violência policial. A obra é uma análise profunda da sociedade americana e do legado da escravidão.
“Essas são as preferências do próprio universo: verbos acima de substantivos, ações acima de estados, luta acima da esperança.”
O Pacto da Branquitude – Djamila Ribeiro
“O Pacto da Branquitude” é um livro da filósofa e escritora brasileira Djamila Ribeiro, lançado em 21 de março de 2022. Nesta obra, a autora aprofunda a discussão sobre as estruturas de privilégio racial, focalizando a branquitude como um sistema de poder que perpetua desigualdades sociais e raciais.
“Fala-se muito na herança da escravidão e nos seus impactos negativos para as populações negras, mas quase nunca se fala na herança escravocrata e nos seus impactos positivos para as pessoas brancas.”
A Cor Púrpura – Alice Walker
Este clássico da literatura norte-americana narra a vida de Celie, uma mulher negra que enfrenta a opressão, a violência doméstica e o racismo no início do século 20. A obra trata de temas como identidade, feminismo negro, resiliência e libertação, explorando a jornada de uma mulher em busca de sua liberdade.
“Eu mesmo acho que a gente tá aqui pra se admirar. Pra admirar. Para perguntar. E admirando as grandes coisas e perguntando sobre as grandes coisas é que a gente vai aprendendo as coisas pequenas, quase que por acaso. Mas a gente nunca sabe mais sobre as grandes coisas do que sabia quando começou. Quanto mais eu admiro as coisas, ele fala, mais eu amo.”
Mulheres, Raça e Classe – Angela Davis
“Mulheres, Raça e Classe” é uma obra seminal da ativista, filósofa e professora norte-americana Angela Davis, publicada originalmente em 1981. Este livro é um marco na interseccionalidade, abordando as interconexões entre gênero, raça e classe social, e como essas categorias moldam as experiências de opressão e luta por direitos.
“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela” Angela Davis (2017)
PEÇAS DE TEATRO
Mata Rasteira
Uma peça solo que conta a história de Nlongi, um menino angolano que é sequestrado por escravocratas portugueses e trazido ao Brasil. A peça é baseada no livro Mata Rasteira – A origem da resistência, de Abner Laurindo.
Sortilégio – Mistério Negro
Uma peça escrita por Abdias Nascimento e encenada pelo Teatro Experimental do Negro (TEN) no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1957. O TEN foi criado em 1944 por Abdias Nascimento, com o objetivo de valorizar a cultura afro-brasileira e o negro por meio da arte e educação. O teatro afro-brasileiro teve um papel fundamental na resistência política durante a ditadura militar, denunciando o racismo e criticando a democracia racial do governo. Alguns outros espetáculos do TEN são: Palmares, O Imperador Jones, Todos os Filhos de Deus Têm Asas, O Moleque Sonhador, O Remorso do Negro Damião.
ARTISTAS PLÁSTICOS
Faith Ringgold
Faith Ringgold é uma artista conhecida por suas pinturas, quilt (colchas de retalhos) e por sua luta em dar voz a temas como a identidade e a experiência da mulher negra nos Estados Unidos. Em “We the People”, ela examina a exclusão das vozes negras da história oficial americana e traz à tona a importância de tornar visível a contribuição e a luta dos afro-americanos.
Faith Ringgold
Soberania Ziza
A grafiteira Regina Elias, conhecida como Soberana Ziza, é uma artista que usa o grafite para resgatar e celebrar o poder da ancestralidade negra, além de trabalhar com a recuperação da história e da identidade afro-brasileira. Seu trabalho é uma verdadeira manifestação de resistência e valorização das raízes culturais negras, frequentemente retratando figuras históricas e mitológicas da diáspora africana.
Kika Carvalho
Graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), é uma artista que começou sua trajetória no grafite aos 17 anos e se tornou a primeira mulher de destaque a pintar os muros de Vitória, no Espírito Santo. Sua atuação no universo do graffiti foi marcante, não só pela originalidade de suas obras, mas também pela quebra de barreiras em um meio predominantemente masculino. Kika se destaca pela habilidade de usar o grafite como uma ferramenta de expressão política e cultural, refletindo questões de identidade negra, empoderamento feminino e resistência social.
Kika Carvalho – Piscina
MÚSICAS
Negro Drama – Racionais MC’s
Uma das músicas mais emblemáticas do rap brasileiro, aborda as dificuldades enfrentadas pela população negra, o racismo estrutural e a violência policial, oferecendo uma reflexão profunda sobre a realidade vivida nas periferias.
Negro drama, entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas, invejas, luxo, fama
Negro drama, cabelo crespo e a pele escura
A ferida, a chaga, à procura da cura
This is America – Childish Gambino
“This Is America” é uma música do rapper e ator Childish Gambino (nome artístico de Donald Glover), lançada em 2018. O clipe da música, dirigido por Hiro Murai, rapidamente se tornou um fenômeno cultural por sua abordagem crítica e provocativa sobre o racismo, a violência armada e as desigualdades sociais nos Estados Unidos.
Você é apenas um cara negro neste mundo
Você é apenas um código de barras, ayy
Você é apenas um cara negro neste mundo
Dirigindo carros importados
Você é apenas um grande irmão, sim
Eu acorrentei ele no quintal Provavelmente não é vida pra um cachorro
Para um cachorro grande
Strange Fruit – Billie Holiday
Esta música é uma das mais poderosas e perturbadoras já feitas sobre o racismo e a violência contra negros nos Estados Unidos. Escrita por Abel Meeropol e imortalizada por Billie Holiday, “Strange Fruit” descreve os linchamentos de afro-americanos no sul dos EUA, usando a imagem de “frutos estranhos” pendurados nas árvores
Árvores do sul produzem uma fruta estranha
Sangue nas folhas e sangue nas raízes
Corpos negros balançando na brisa do sul
Fruta estranha pendurada nos álamos
I Wish I Knew How It Would Feel to Be Free – Nina Simone
Esta música foi escrita por Billy Taylor e Dick Dallas, e Nina Simone a tornou famosa. Ela aborda o desejo de liberdade e igualdade, destacando a dor de ser negro em uma sociedade racista. A canção ficou conhecida como uma espécie de hino dos direitos civis nos Estados Unidos.
Eu gostaria de saber
Como é a sensação de ser livre
Eu gostaria de poder quebrar
Todas as correntes que me prendem
Eu gostaria de poder dizer
Keep Ya Head Up – 2Pac
Uma das canções mais conhecidas de Tupac Shakur, “Keep Ya Head Up” trata das dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras, mas também aborda o racismo e a discriminação em uma perspectiva mais ampla, promovendo a resistência, a autoestima e o fortalecimento comunitário.
(Mantenha sua cabeça erguida)
Oh, criança, as coisas se tornarão mais fáceis
(Mantenha sua cabeça erguida)
Oh, criança, as coisas se tornarão mais brilhantes