No Brasil, as desigualdades entre o ensino privado e público são realidades já marteladas nas cabeças de pais que se esforçam em pagar mensalidades caras com o pensamento no futuro dos filhos. Diante desse cenário, o jornal “O Tempo” publicou reportagem que investiga como essas realidades distintas impactam na educação recebida e define os caminhos trilhados por alunos de diferentes bairros e escolas de Belo Horizonte.
Nesse contexto, uma dos diferenciais entre as escolas públicas e privadas é o valor do investimento realizado por aluno matriculado. Vejamos o cálculo publicado na reportagem: em 2018, o governo de Minas Gerais gastou R$ 2,43 bilhões para atender 700 mil alunos matriculados no ensino médio da rede estadual. Fazendo os cálculos, o Estado gastou R$ R$ 3.468 por ano com cada estudante. Já nos colégios com os melhores desempenhos nas notas médias do Enem, esse valor pode ultrapassar os R$ 29 mil, ou seja 738% a mais que o investido pelo poder público. Ou seja, na rede pública estadual, um estudante do ensino médio custa oito vezes menos do que um jovem matriculado em escolas particulares de elite de Belo Horizonte.
Conforme podemos ver do gráfico abaixo, o investimento público anual por aluno vem aumentando no estado nos últimos anos, tendo crescido 58,42% entre 2013 e 2018, mas a discrepância com as escolas particulares mais elitizadas ainda é grande. Especialistas destacam que se houvesse pelo menos uma distância menor nessa diferença, os resultados obtidos na aprendizagem seriam menos desiguais. Ainda, esse baixo investimento ajuda a reforçar as desigualdades sociais que refletem na educação e dificultam que alunos de baixa renda cheguem ao ensino superior.
Um dos esforços para reduzir a distância no acesso ao ensino superior foi a lei de cotas, que começou a vigorar em 2013 e criou um percentual mínimo em universidades públicas destinadas para alunos que também fizeram o ensino médio em rede pública. Esse percentual cresceu gradativamente até chegar a 50% em 2016.
A matéria aponta que, antes do início da entrada em vigor da lei de cotas, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tinha em seu quadro de alunos 45% de estudantes que formaram em escola pública. No ano passado esse índice subiu dez pontos percentuais, chegando a 55%. Mas quando analisamos o universo total de estudantes do Estado vemos que esses números ainda não representam uma igualdade de condições. Do total de alunos matriculados em 2017 no ensino médio do Estado, 89% estavam em escolas públicas contra 11% em privadas. Ou seja, mesmo representando pouco mais de 10% dos estudantes do ensino médio, 45% dos alunos da UFMG em 2018 estudaram em escolas particulares.
Análise extraída de reportagem disponível em: https://www.otempo.com.br/hotsites/educa%C3%A7%C3%A3o-no-brasil-expectativa-e-realidade
Autora: Luísa Filizzola Costa Lima [graduando em Administração Pública na FJP], com coordenação de Bruno Lazzarotti Diniz Costa [professor e pesquisador – FJP]