No dia 20 de novembro é celebrado o dia da consciência negra, nesse sentido, exploramos um pouco da construção da identidade cultural brasileira, fortemente constituída de origens afrodescendentes. Apesar da visão marginalizada que a população negra teve no Brasil no decorrer de praticamente toda a história do país, a influência direta de culturas afrodescendentes na construção de uma identidade nacional é incontestável e deve ser exaltada.
Em 1551 se iniciava, em território brasileiro, um dos processos mais nefastos de toda a história da humanidade: o tráfico de pessoas africanas que viriam a ser escravizadas pela coroa portuguesa em sua colônia no Brasil. No total, cerca de 4 milhões de pessoas foram sequestradas de suas terras natais e forçadas a trabalhar em território brasileiro por um período de 350 anos, tendo o fim do trabalho forçado sido decretado somente em 1888, com a implementação da Lei Áurea. Entretanto, o preconceito racial permaneceu enraizado em nossa sociedade até o presente, mesmo que em um dimensionamento menor que no final do século XIX e início do século XX.
Gráfico 01: Entrada de Africanos no Brasil
Em ritmo de conclusão, é importante destacar que expressões diárias como dengo, moleque, cafuné, comidas típicas como acarajé, cuscuz, broa de fubá e esportes como a capoeira, entre outras características da vida diária brasileira tem fortes, profundas, marcadas e sofridas raízes nas culturas e tradições trazidas do continente africano. No dia 20 de novembro é comemorado o a da Consciência Negra, mas, além de relembrar o triste passado do Brasil com a escravatura, deve-se também enaltecer a beleza e importância da cultura dos povos trazidos pela diáspora ao território nacional, não somente nesta data mas também diariamente. É importante, também, se relembrar que as pessoas traficadas para o território nacional não eram somente “escravos”, mas indivíduos com histórias que trouxeram essas histórias para o Brasil e também construíram novas histórias no Brasil com as novas culturas que aqui surgiram. Não foram passivos no processo de formação do Brasil, mas ativos. Também não eram sofredores dóceis e passivos, mas pessoas que resistiram bravamente e, diversas vezes, venceram, apesar do enorme custo humano de tal processo. As resistências e seus desdobramentos também são fulcrais constituintes da cultura nacional.
Autor: Estevão Matuck, sob a orientação de Bruno Lazzarotti
*O Observatório das Desigualdades é um projeto de extensão. O conteúdo e as opiniões expressas não refletem necessariamente o posicionamento da Fundação João Pinheiro ou do CORECON – MG.
Referências:
História Do Mundo. História do samba. Disponível em <https://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/origem-samba.htm>. Acesso em 12 de nov. de 2023
Fahs, Ana C. Salvatti. Movimento negro: história, conquistas e polêmicas!. Disponível em <https://www.politize.com.br/movimento-negro/#:~:text=História%20do%20movimento%20negro,líder%20do%20Quilombo%20dos%20Palmares>. Acesso em 12 de nov. de 2023.
Guia do Estudante. Brasil colônia: Escravidão. Disponível em <https://guiadoestudante.abril.com.br/curso-enem/escravidao-no-brasil-crueldade-historica/>. Acesso em 13 de nov. de 2023