Mais uma vez é hora de relembrar as produções do Observatório das Desigualdades através de músicas que remetem aos diversos temas trabalhados no ano que passou.
O ano de 2023 foi marcado por diversas mudanças. Por um lado, a volta de um governo progressista ao poder foi o marco para a retomada de diversos programas sociais que têm como objetivo o enfrentamento às desigualdades. Por outro, como resultado das políticas anteriormente implementadas, ainda vemos nos indicadores o acirramento de muitas desigualdades.
Você pode acessar a playlist no Spotify através do link: https://open.spotify.com/playlist/1JeelcFXhKmYHyPIaXyRxU?si=YejIieNqR0Odla7J4FPsiw. A seguir trazemos algumas músicas da playlist e um pouco dos materiais divulgados em 2023.
Raça
As desigualdades raciais foram tratadas em diversos posts ao longo do último ano, falando sobre o enfrentamento do racismo em todas as suas formas. A música “Mama África” de Chico César faz referência ao papel da mulher negra no mercado de trabalho e sobre a sua força, apesar de tudo.
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia
Mama África tem
Tanto o que fazer
Além de cuidar neném
Além de fazer denguin’
Filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
Mas não se afasta de você
(Mama África – Chico César)
Veja as produções sobre o tema no link abaixo:
- Consciência Negra: Obras para Refletir sobre o Racismo: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3401
- Contra o pacto da branquitude: Minas Gerais precisa enfrentar o racismo e o legado da escravidão: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3390
- Consciência Negra: Desigualdade Racial no Serviço Público: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3376
- Dia da Consciência Negra: 483 anos do início da Diáspora Africana no Brasil e sua relevância na Construção do país: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3361
- É só uma brincadeira? O que os casos de Vini Jr., Léo Lins e do “Simulador de Escravidão” têm em comum e como contribuem para a perpetuação do preconceito e da discriminação racial: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3033
Renda
A pobreza e a proteção social foram temas de diferentes posts, trazendo resultados do projeto Minas pela Igualdade e repercutindo recentes pesquisas. A música “Pobreza por pobreza” de Luiz Gonzaga traz a realidade da pobreza no sertão que leva muitas vezes as pessoas a pensarem a migrar daquela terra.
Pra que me largar no mundo?
Se nem sei se vou chegar
A virar em cruz de estrada
Prefiro ser cruz por cá
Ao menos o chão que é meu
Meu corpo vai adubar
Ao menos o chão que é meu
Meu corpo vai adubar
Se doente e sem remédio
Remediado está
Nascido e criado aqui
Sei o espinho aonde dá
Pobreza por pobreza
Sou pobre em qualquer lugar
A fome é a mesma fome
Que vem me desesperar
E a mão é sempre a mesma
Que vive a me explorar
E a mão é sempre a mesma
Que vive a me explorar
(Pobreza por pobreza – Gonzaguinha e Luiz Gonzaga)
Veja as produções sobre o tema: no link abaixo:
- Minas pela Igualdade: a persistência da pobreza em Minas Gerais: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3105
- Síntese de Indicadores Sociais: o retrato de um país ainda mais pobre e desigual: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2894
- Quem é o culpado pela pobreza? A justificação da desigualdade na catequese meritocrática: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2880
- Minas pela igualdade: caminhos, desafios e proposições para as políticas de transferência de renda: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2825
- O Programa Bolsa Família e a complementariedade entre igualdade de resultados e igualdade de oportunidades OU Esqueça a estorinha do peixe!: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3246
- Minas Pela Igualdade: um retrato da proteção social no estado de Minas Gerais: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3222
Gênero
A questão de gênero foi tratada em diferentes momentos ao longo do ano, falando sobre violência política e sobre os desafios e conquistas do movimento feminista. A música “Para todas as mulheres” de Mariana Nolasco fala sobre a luta das mulheres por respeito, por espaço, por direitos.
Abafaram nossa voz
Mas esqueceram de que não estamos sós
Abafaram nossa voz
Mas esqueceram de que não estamos sós
Essa vai pra todas as mulheres
Marianas, índias, brancas, negras, pardas, indianas
Essa vai pra você que sentiu aí no peito
O quanto é essencial ter, no mínimo, respeito
Essa dor é secular e em algum momento há de curar
Diga sim para o fim de uma era irracional, patriarcal
Abafaram nossa voz
Mas esqueceram de que não estamos sós
Abafaram nossa voz
Mas esqueceram de que não estamos sós
Então eu canto pra que em todo canto
Encanto de ser livre, de falar, possa chegar, não mais calar
Então eu canto pra que em todo canto
Encanto de ser livre, de falar, possa chegar, não mais calar
(Para todas as mulheres – Mariana Nolasco)
Veja as produções sobre o tema no link abaixo:
- 8M: movimento trans e a visibilidade dentro do feminismo: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2906
- 8M: atraso e desigualdades no trabalho doméstico: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2915
- 5 anos sem Marielle Franco: a violência política de gênero e raça enquanto práticas de interdição de mulheres negras nos espaços de poder e decisão: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2948
- Infográfico – 8M: Mulheres e os meios de comunicação: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2940
- Um sinal à dignidade das mulheres: o voto de Rosa Weber e as consequências perversas da criminalização do aborto no Brasil: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3279
Trabalho
O tema do trabalho foi trazido em diferentes posts para falar da transversalidade das desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho, falando sobre o trabalho infantil e sobre o salário minimo. A música “Trabalhador” de Seu Jorge aborda a realidade de grande parte dos trabalhadores brasileiros, de estar na luta pra no final do mês receber seu salário.
Está na luta, no corre-corre, no dia-a-dia
Marmita é fria mas se precisa ir trabalhar
Essa rotina em toda firma começa às sete da manhã
Patrão reclama e manda embora quem atrasar
Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Dentista, frentista, polícia, bombeiro
Trabalhador brasileiro
Tem gari por aí que é formado engenheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador
E sem dinheiro vai dar um jeito
Vai pro serviço
É compromisso, vai ter problema se ele faltar
Salário é pouco, não dá pra nada
Desempregado também não dá
E desse jeito a vida segue sem melhorar
Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Garçom, garçonete, jurista, pedreiro
Trabalhador brasileiro
Trabalha igual burro e não ganha dinheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador
(Trabalhador – Seu Jorge)
Veja as produções sobre o tema no link abaixo:
- Machismo e racismo no mercado de trabalho mineiro: desigualdades reveladas pelo Observatório do Trabalho de Minas Gerais: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2955
- Aumento do Salário Mínimo: uma esperança de reconstrução no Dia do Trabalhador: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2978
- Sobre o primeiro de maio – A persistência das desigualdades sobre o mercado de trabalho no Brasil: influência do gênero e da raça: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2978
- Da Escravidão à Escravidão: A perpetuidade do trabalho análogo em Minas Gerais 135 anos após a abolição da escravatura: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3008
- Trabalho infantil: do indivíduo até o seu lar: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3058
- O que a desigualdade salarial representa dentro do capitalismo brasileiro?: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3018
Saúde
O tema da saúde foi abordado de forma transversal com a desigualdade de gênero e falando sobre saúde mental. A reconhecida música “Saúde” de Rita Lee fala justamente sobre a importância do autocuidado em meio a tantas opiniões que muitas vezes não têm importância.
Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima, nesse chove não molha
Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim
Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
(Saúde – Rita Lee)
Veja as produções sobre o tema no link abaixo:
- A desigualdade das doenças mentais: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2766
- Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+: Obstáculos à efetivação do direito de mulheres lésbicas e bissexuais à saúde: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3082
- Esgotadas: a realidade alarmante apresentada no estudo do Think Olga sobre a saúde mental das mulheres brasileiras: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3291
Educação
O tema da educação foi tratado em alguns posts, falando sobre a desigualdade educacional e sobre o ser professor no Brasil. A música “Anjos da Guarda” de Leci Brandão trata na missão do professor, de entregar o conhecimento e formar um cidadão, mesmo não sendo fácil a tarefa.
Professores
Protetores das crianças do meu país
Eu queria, gostaria
De um discurso bem mais feliz
Porque tudo é educação
É matéria de todo o tempo
Ensinem a quem sabe de tudo
A entregar o conhecimento
Ensinem a quem sabe de tudo
A entregar o conhecimento
Na sala de aula
É que se forma um cidadão
Na sala de aula
É que se muda uma nação
Na sala de aula
Não há idade, nem cor
Por isso aceite e respeite
O meu professor
(Anjos da Guarda – Leci Brandão)
Veja as produções sobre o tema no link abaixo:
- Valorização do ensino da arte nas escolas públicas como mecanismo de fomento à democratização do acesso a vivências culturais: conhecendo a abordagem triangular de Ana Mae Barbosa: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=2797
- Ser professor no Brasil: uma reflexão sobre a desvalorização da carreira docente: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3324
- MINAS PELA IGUALDADE: Desigualdades Educacionais em Minas Gerais: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3204
Questão Fundiária e Reforma Agrária
A questão fundiária foi tratada em um dos boletins publicados pelo Observatório no último ano. A música “Morro Velho” de Milton Nascimento traz a vida e o trabalho no campo como seu tema principal.
No sertão da minha terra
Fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força
Parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro
E ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada
De viola em vez de enxada
Filho de branco e do preto
Correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro
Crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
(Morro Velho – Milton Nascimento)
Veja as produções sobre o tema no link abaixo:
- A parte que te cabe deste latifúndio: concentração de terra e os desafios da reforma agrária no Brasil: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/wp-content/uploads/2023/06/Boletim-16-Reforma-Agraria.docx.pdf
- Desigualdade fundiária e violência: a CPI do MST e a perseguição aos movimentos sociais no campo: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3045
Concentração de Renda e Tributação
O tema da concentração de riqueza e da busca por uma tributação mais igualitária foi o tema de diferentes posts. A música “Brasis” de Elza Soares traz uma dualidade sobre dois Brasis, um que tem muito e outro que tem pouco.
Tem um Brasil que é próspero
Outro não muda
Um Brasil que investe
Outro que suga
Um de sunga
Outro de gravata
Tem um que faz amor
E tem o outro que mata
Brasil do ouro
Brasil da prata
Brasil do balacochê
Da mulata
Tem um Brasil que cheira
Outro que fede
O Brasil que dá
É igualzinho ao que pede
Pede paz e saúde
Trabalho e dinheiro
Pede pelas crianças
Do país inteiro
Tem um Brasil que soca
Outro que apanha
Um Brasil que saca
Outro que chuta
(Brasis – Elza Soares)
Veja as produções sobre o tema no link abaixo:
- Mais bilionários por herança no mundo: a urgência da tributação progressiva sobre heranças e doações: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3416
- O final de Succession e a psicologia social da indiferença: como a desigualdade extrema cria elites mesquinhas (sem spoilers, por favor!): https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3051
- MINAS PELA IGUALDADE: Tributação e Compras Públicas em Minas Gerais: https://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=3215
Te convidamos a escutar as músicas selecionadas para a playlist. Esperamos provocar reflexões sobre os acontecimentos reportados durante o ano de 2023 por meio da música, que também é uma forma de expressar, criticar e denunciar as desigualdades que assolam a sociedade brasileira.
Autores: Alexandre Henrique, sob a orientação do professor Bruno Lazzarotti.
*O Observatório das Desigualdades é um projeto de extensão. O conteúdo e as opiniões expressas não refletem necessariamente o posicionamento da Fundação João Pinheiro ou do CORECON – MG.