Mais uma vez é hora de relembrar as produções do Observatório das Desigualdades através de músicas que remetem aos diversos temas trabalhados no ano que passou.

O ano de 2023 foi marcado por diversas mudanças. Por um lado, a volta de um governo progressista ao poder foi o marco para a retomada de diversos programas sociais que têm como objetivo o enfrentamento às desigualdades. Por outro, como resultado das políticas anteriormente implementadas, ainda vemos nos indicadores o acirramento de muitas desigualdades.

Você pode acessar a playlist no Spotify através do link: https://open.spotify.com/playlist/1JeelcFXhKmYHyPIaXyRxU?si=YejIieNqR0Odla7J4FPsiw. A seguir trazemos algumas músicas da playlist e um pouco dos materiais divulgados em 2023.

 

Raça

As desigualdades raciais foram tratadas em diversos posts ao longo do último ano, falando sobre o enfrentamento do racismo em todas as suas formas. A música “Mama África” de Chico César faz referência ao papel da mulher negra no mercado de trabalho e sobre a sua força, apesar de tudo.

Mama África

A minha mãe

É mãe solteira

E tem que fazer mamadeira

Todo dia

Além de trabalhar

Como empacotadeira

Nas Casas Bahia

Mama África tem

Tanto o que fazer

Além de cuidar neném

Além de fazer denguin’

Filhinho tem que entender

Mama África vai e vem

Mas não se afasta de você

(Mama África – Chico César)

Veja as produções sobre o tema no link abaixo:

 

Renda

A pobreza e a proteção social foram temas de diferentes posts, trazendo resultados do projeto Minas pela Igualdade e repercutindo recentes pesquisas. A música “Pobreza por pobreza” de Luiz Gonzaga traz a realidade da pobreza no sertão que leva muitas vezes as pessoas a pensarem a migrar daquela terra.

Pra que me largar no mundo?

Se nem sei se vou chegar

A virar em cruz de estrada

Prefiro ser cruz por cá

Ao menos o chão que é meu

Meu corpo vai adubar

Ao menos o chão que é meu

Meu corpo vai adubar

Se doente e sem remédio

Remediado está

Nascido e criado aqui

Sei o espinho aonde dá

Pobreza por pobreza

Sou pobre em qualquer lugar

A fome é a mesma fome

Que vem me desesperar

E a mão é sempre a mesma

Que vive a me explorar

E a mão é sempre a mesma

Que vive a me explorar

(Pobreza por pobreza – Gonzaguinha e Luiz Gonzaga)

Veja as produções sobre o tema: no link abaixo:

 

Gênero

A questão de gênero foi tratada em diferentes momentos ao longo do ano, falando sobre violência política e sobre os desafios e conquistas do movimento feminista. A música “Para todas as mulheres” de Mariana Nolasco fala sobre a luta das mulheres por respeito, por espaço, por direitos.

Abafaram nossa voz

Mas esqueceram de que não estamos sós

Abafaram nossa voz

Mas esqueceram de que não estamos sós

Essa vai pra todas as mulheres

Marianas, índias, brancas, negras, pardas, indianas

Essa vai pra você que sentiu aí no peito

O quanto é essencial ter, no mínimo, respeito

Essa dor é secular e em algum momento há de curar

Diga sim para o fim de uma era irracional, patriarcal

Abafaram nossa voz

Mas esqueceram de que não estamos sós

Abafaram nossa voz

Mas esqueceram de que não estamos sós

Então eu canto pra que em todo canto

Encanto de ser livre, de falar, possa chegar, não mais calar

Então eu canto pra que em todo canto

Encanto de ser livre, de falar, possa chegar, não mais calar

(Para todas as mulheres – Mariana Nolasco)

Veja as produções sobre o tema no link abaixo:

 

Trabalho

O tema do trabalho foi trazido em diferentes posts para falar da transversalidade das desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho, falando sobre o trabalho infantil e sobre o salário minimo. A música “Trabalhador” de Seu Jorge aborda a realidade de grande parte dos trabalhadores brasileiros, de estar na luta pra no final do mês receber seu salário.

Está na luta, no corre-corre, no dia-a-dia

Marmita é fria mas se precisa ir trabalhar

Essa rotina em toda firma começa às sete da manhã

Patrão reclama e manda embora quem atrasar

Trabalhador

Trabalhador brasileiro

Dentista, frentista, polícia, bombeiro

Trabalhador brasileiro

Tem gari por aí que é formado engenheiro

Trabalhador brasileiro

Trabalhador

E sem dinheiro vai dar um jeito

Vai pro serviço

É compromisso, vai ter problema se ele faltar

Salário é pouco, não dá pra nada

Desempregado também não dá

E desse jeito a vida segue sem melhorar

Trabalhador

Trabalhador brasileiro

Garçom, garçonete, jurista, pedreiro

Trabalhador brasileiro

Trabalha igual burro e não ganha dinheiro

Trabalhador brasileiro

Trabalhador

(Trabalhador – Seu Jorge)

Veja as produções sobre o tema no link abaixo:

 

Saúde

O tema da saúde foi abordado de forma transversal com a desigualdade de gênero e falando sobre saúde mental. A reconhecida música “Saúde” de Rita Lee fala justamente sobre a importância do autocuidado em meio a tantas opiniões que muitas vezes não têm importância.

Me cansei de lero-lero

Dá licença, mas eu vou sair do sério

Quero mais saúde

Me cansei de escutar opiniões

De como ter um mundo melhor

Mas ninguém sai de cima, nesse chove não molha

Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim

Como vai? Tudo bem

Apesar, contudo, todavia, mas, porém

As águas vão rolar, não vou chorar

Se por acaso morrer do coração

É sinal que amei demais

(Saúde – Rita Lee)

Veja as produções sobre o tema no link abaixo:

 

Educação

O tema da educação foi tratado em alguns posts, falando sobre a desigualdade educacional e sobre o ser professor no Brasil. A música “Anjos da Guarda” de Leci Brandão trata na missão do professor, de entregar o conhecimento e formar um cidadão, mesmo não sendo fácil a tarefa.

Professores

Protetores das crianças do meu país

Eu queria, gostaria

De um discurso bem mais feliz

Porque tudo é educação

É matéria de todo o tempo

Ensinem a quem sabe de tudo

A entregar o conhecimento

Ensinem a quem sabe de tudo

A entregar o conhecimento

Na sala de aula

É que se forma um cidadão

Na sala de aula

É que se muda uma nação

Na sala de aula

Não há idade, nem cor

Por isso aceite e respeite

O meu professor

(Anjos da Guarda – Leci Brandão)

Veja as produções sobre o tema no link abaixo:

 

Questão Fundiária e Reforma Agrária

A questão fundiária foi tratada em um dos boletins publicados pelo Observatório no último ano. A música “Morro Velho” de Milton Nascimento traz a vida e o trabalho no campo como seu tema principal.

No sertão da minha terra

Fazenda é o camarada que ao chão se deu

Fez a obrigação com força

Parece até que tudo aquilo ali é seu

Só poder sentar no morro

E ver tudo verdinho, lindo a crescer

Orgulhoso camarada

De viola em vez de enxada

Filho de branco e do preto

Correndo pela estrada atrás de passarinho

Pela plantação adentro

Crescendo os dois meninos, sempre pequeninos

(Morro Velho – Milton Nascimento)

Veja as produções sobre o tema no link abaixo:

 

Concentração de Renda e Tributação

O tema da concentração de riqueza e da busca por uma tributação mais igualitária foi o tema de diferentes posts. A música “Brasis” de Elza Soares traz uma dualidade sobre dois Brasis, um que tem muito e outro que tem pouco.

Tem um Brasil que é próspero

Outro não muda

Um Brasil que investe

Outro que suga

Um de sunga

Outro de gravata

Tem um que faz amor

E tem o outro que mata

Brasil do ouro

Brasil da prata

Brasil do balacochê

Da mulata

Tem um Brasil que cheira

Outro que fede

O Brasil que dá

É igualzinho ao que pede

Pede paz e saúde

Trabalho e dinheiro

Pede pelas crianças

Do país inteiro

Tem um Brasil que soca

Outro que apanha

Um Brasil que saca

Outro que chuta

(Brasis – Elza Soares)

Veja as produções sobre o tema no link abaixo:

 

Te convidamos a escutar as músicas selecionadas para a playlist. Esperamos provocar reflexões sobre os acontecimentos reportados durante o ano de 2023 por meio da música, que também é uma forma de expressar, criticar e denunciar as desigualdades que assolam a sociedade brasileira.

 

Autores: Alexandre Henrique, sob a orientação do professor Bruno Lazzarotti.

 

*O Observatório das Desigualdades é um projeto de extensão. O conteúdo e as opiniões expressas não refletem necessariamente o posicionamento da Fundação João Pinheiro ou do CORECON – MG.

Deixe um comentário